Faz tempo, muito tempo. Era um dia frio, chuva, um monte de pré-adolescentes berrando, pulando de banco em banco e sacudindo o ônibus de viagem Nem pareciam se importar com a demora, pelo contrário, a diversão ali era garantida. Um deles, porém, alheio à algazarra. Quieto em seu banco com um walk-man.Do alto dos meus elétricos 13 anos, sento ao seu lado: “Olá”, disparo sem rodeios. Um olhar desconfiado me retribui o cumprimento, sem tirar os fones do ouvido. Ele ouvia Queen e parecia ter muito mais idade que todos nós juntos.
***
Começo de agosto, churrasco para se despedir do garoto que sempre vai embora. Chegou com o carro, maço de cigarros nas mãos, “quero uma cerveja também”. O quê?? ELE??? Bebendo e fumando?? Sim. E naquele dia esfriou outra vez. “Vamos tomar uma sopa? Num café?”. Nós fomos. Quase todas nós (e a menina que um dia ficou indignada com essa proposta talvez se lembre dela hoje, em dias tristes de olhar pela janela..... ).
Domingos pelo centro da cidade, filme p&b. Visitas à faculdade. Conversas, conversas, conversas. Querer bem mais que querer bem, mas.... não tinha que ser com a menina de cabelos amarelos. Não daquele jeito.
Super-pálio azul, estrada, carnaval, empolgação. Noite longa, pedra fria, aquecida pela música de um Ventania e vinho Marcon. “Mas, cadê as minhas 7 horinhas????”. 24 horas depois, quem se lembra do regular quadro de descanso noturno??? Os gritos eram só pra “Simplesmente, demaaaais”.
Colo e ombro para tentar consertar o desastre.
E só bem longe dali fui entender que ele, desde sempre, pertenceu ao seleto grupo dos que eram capazes de enxergar em mim mais do que eu mesma.... dali pra frente a história foi outra, e a realidade muito mais parecida com a de hoje.
Hoje? Saldo de histórias ótimas, dias de angústias, gargalhadas, confidencias sobre pensamentos em bobagens curiosas e bobagens sérias..... Amigos. AMIGOS. 6 letras, e quando acho que já sei o suficiente.....
Hoje eu ganhei uma carona. E a gratidão não é apenas pela companhia e boa vontade em ir até a PQP às 06h30 da manhã só pra me levar. É por todas as coisas que ficaram registradas nos meus negativos coloridos, e por aquelas que, invariavelmente, deixei passar.
Para o garoto que ouvia Queen, amor, e a certeza da importância, sem precisar medir o que é ser imprescindível.
Gui, meu querido, sem a menor dúvida: nossas vidas (são e ) serão beeem legais.
Nota: outras pessoas maravilhosas merecem espaço aqui, e chega até a ser uma injustiça que não ganhem um texto. E são muitas, e são absolutamente queridas, e sabem disso. Sabem quem são. E sou eternamente grata a elas também, por conselhos sem preço, convites para o sítio, casa, cama, roupas, girafa de pelúcia, horas e horas de conversa, resgate num churrasco, verdades doloridas, ombro, telefonemas, coca-cola com doritos, cafunés, broncas, risadas, e-mails, bebedeira na balada, trufas, minutos de atenção, bolas amarelas do smile, bilhetes no guardanapo, florzinha virtual, scraps e consolo por MSN, conversas pra discutir a vida, caronas de jipe, de carro, de Guarulhos, de Moema, de São Thomé, de São Paulo.... Amo vocês.
quarta-feira, setembro 15, 2004
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Um comentário:
guilherme
O que dizer quando tudo já foi dito? Acho que só o lugar-comum: OBRIGADO.
Um beijo mais que especial
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