segunda-feira, outubro 04, 2004

happy birthday!


Eu não posso entender
Essa vida tão injusta
Não vou fingir que já parou de doer
Mas um dia isso vai acabar

Eu não consigo me convencer
Que essa vida não foi injusta
Tanta falta me faz você
Queria ver você em casa

Mãe
O amor que eu tenho por você é seu
(...)

Meu aniversário – Nando Reis



Não é meu aniversário. Nem daquela que não me carregou no ventre, mas que me ama como se a vida toda eu tivesse sido dela. Hoje é dia de celebrar para outra mãe. Que não é minha, nunca foi. E eu sempre soube disso mas, quem foi que disse que mesmo sabendo eu não aprendi a amá-la?????

No auge do tormento eu achei que a vida era injusta. Amaldiçoei todos os anjos e santos e tipos de deuses que conseguia lembrar. Ficava tentando encontrar explicações pro tamanho do tombo...

Gritava no silêncio pra eles se lembrarem de que eu tirava boas notas, eu comia todo o espinafre, eu não batia nos meus irmãos, não viajava escondido, não roubava o dinheiro do pote, não reclamava de lavar a louça, não desaparecia do mapa, não dormia fora de casa sem avisar, não odiava os treinos de futsal dele, não acordava ninguém nem vomitava na casa toda quando chegava bêbada..... ou seja, eu tinha sido uma boa menina, caramba! Pra que me fazer esperar 19 anos pra aprender a fazer planos e destruí-los assim, com um sopro?!? Tipo, ser legal só pra tomar na cabeça, né?!?

Amaldiçoei todos eles sim e, quando a angústia deu uma trégua, a injustiça ainda latejava porque a perda tinha sido dela(s) também. Assim como os planos mal-concebidos, a ilusão de um espaço que jamais tinha sido separado pra mim...
Af, como doeu. Uma pedrada no peito, uma tijolada. E nada no mundo, consolo nenhum no mundo diminuía isso, e me fazia odiá-lo menos por suas escolhas.

Passados tantos dias, as coisas todas assumiram seus lugares. E depois de prometer não mais ter conversas desnecessárias, eu finalmente consegui acordar sem achar que foi tudo uma grande sacanagem comigo. Faz dias entendi a ordem dessa fila indiana, e prometi que não vou mais esquecer a maneira de olhar pra ela enquanto ela anda.

Hoje é o dia da Dra. ficar ainda mais bonita. E ela merece todos os bons fluídos que eu sou capaz de assoprar. Não sabe o quanto me faz falta, nem tem idéia que esse mosaico existe, mas não faz mal. Amanhã eu ganho um beijo e um espinho a menos na garganta.
Hoje, só felicidades.

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