quinta-feira, janeiro 13, 2005
desejo estrangeiro
"quais são os seus sonhos? o que você quer pra você quando você crescer?"
"sonhos? não sei, acho que nenhum"
"como nenhum?? como assim? não quer nada?"
"não tenho vontade de ter nada, mãe. na verdade eu queria ter um bando de amigos que pudessem viajar comigo pelo mundo inteiro. pegar a mochila e sumir. acho que é isso que eu quero. conhecer um monte de lugares com gente legal do meu lado".
Eu tinha uns 10 ou 11 anos quando esse diálogo aconteceu. Faz pouco tempo, em um ataque de sinceridade, minha mãe veio me dizer o quanto morre de ciúmes de mim e que sempre teve medo de que eu pegasse a minha mochila e sumisse mesmo por aí - e a deixasse pra trás. coisas de mãe.
Já faz algum tempo que as viagens internacionais tem sido pauta ao meu redor, mas acho que só agora meu cérebro começou a processar as informações.
Só no famigerado mundo casperiano (e que, inevitavelmente, carrega agregados) os itinerários foram variados: teve intercâmbio para o Canadá, teve casal indo pra Espanha, outros queridos morando na Nova Zelândia, tem agregada que eu ainda paparico que passou meses na Irlanda e hoje na Inglaterra e outra que nunca mais vou ver passando férias na Alemanha, e agora dois notáveis desse mundo pop vão pegar suas troxas rumo a um tour pela América do Sul.
Fora do universo do homem-pássaro, teve gente que tomou gosto por viajar a América do Sul a bordo de um pálio azul. Depois da Argentina em julho, foi a vez do Uruguai, em dezembro. E tem as minhas chefes, que vão para itinerários também já mencionados: Alemanha e Canadá.
E eu? Bom, eu estou exatamente aqui: São Paulo, maior metrópole do país. Dividida entre alguns itinerários freqüentes, mas nada que me obrigue a falar qualquer outro idioma que não o bom, velho e absolutamente complicado português (sim, complicado, faz quase 21 anos e eu ainda não sei tudo sobre ele).
E daí? É, alguém pode até vir me dizer que não tem problema nenhum em estar aqui. Realmente não tem. Tem só um desejo de NÃO estar. Só isso. Hoje só acordei com a vontade de que o único sonho que eu dizia ter aos 10 anos virasse algo real - e fosse logo.
A mochila eu tenho, os amigos estão todos aí. O problema é que faltam algumas coisas essenciais, que eu não levava muito em conta quando eu era criança: falta dinheiro, falta tempo, falta coragem.
E às vezes dá medo. Dá medo dessas coisas continuarem faltando, das chances passarem na minha frente sem que eu consiga sequer arranhá-las.
Não, não sou pessimista, não quero dramas. É só medo mesmo, talvez até dos sonhos (expectativas frustradas causam danos irreparáveis.... ), mas, eu sei, não se pode ter medo de ter sonhos.
Um dia chega a minha vez! :o)
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4 comentários:
Guilherme
Ô, meu bem! Mesmo não tendo freqüentado as peripécias do Super Palio Azul, eu te levei comigo nos meus dois recorridos pelo continente amado, saiba disso.
E quero muito que você esteja no próximo. Muito. Mesmo.
Aliás, sabia que eu marquei a viagem para a Argentina para o dia 14 de julho só pq para vc era melhor a segunda quinzena? Ah, dessa você não sabia, né?
Ju!! Quando vc for, me leva???? Carrego sua mochila. hehehehehehehhehe. Beeeeeeijos
Experiência altamente recomendável! Algo que vale demais a pena, até pra nos ensinar a lidar melhor com sentimentos como dor, saudade, excitação, confiança e com aquele velho medo do desconhecido. Se cresce demais numa maluquice dessas...
Mas não encana muito com isso. No meu caso, pelo menos, o negócio apareceu completamente do nada, quando menos esperava ou sequer cogitava pegar as malas e ir embora. E, quer saber? Assim é até mais legal! Quando for pra ser, será.
Beijão,
Fábio
Eu também morro de vontade de sair por aí, deixar as loucuras da metrópole um pouco de lado. Eu sei que ainda vai demorar um pouquinho, mas tenho certeza que um dia eu faço. Ah, se faço. E se eu te conheço bem, tenho certeza que a obstinação da senhorita não deixará essa vontade esmorecer.
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