terça-feira, setembro 27, 2005

a insustentável sutileza do ser*

eram 08h30 quando o celular apitou. acostumada ao barulhinho de mensagens que ele me manda, estranhei tão cedo ele acordado, afinal, era domingo. procurei o telefone, a luzinha laranja iluminando o quarto ainda escuro. não, a mensagem não era dele. era de outro alguém, que se tornou próximo pelo papel que representa na vida de uma terceira pessoa. a mensagem dizia sobre uma novidade que, ao terminar de ler, eu já sabia qual era, ainda que não tivesse sido dita. fiquei parada, sentada na cama, cabelo ainda bagunçado e olhos cansados pelo choro angustiado da noite anterior. não, não podia ser. "acho que ele deve ter feito uma tatuagem", pensei. dormi.

antes da hora do almoço resolvi seguir o conselho da dona da mensagem: perguntei para o meu amigo o que se passava.
inquieta com a falta da resposta, liguei. "você vai ser titia!". 876543 de coisas voaram pelo meu cérebro em meio segundo. e, infelizmente, não ficaram só em pensamento.
quando desliguei o telefone estava passada, menina admirável na minha frente, perguntando o que eu tinha ouvido. contei.


fiquei horas pensando na notícia e em tudo que eu tinha dito. fui pra casa deprimida, me sentindo um monstrinho.
não, eu NÃO tinha o mínimo direito de dizer metade das coisas que eu disse. ainda que todas elas tenham sido ditas pelo desespero e preocupação que eu senti quando pensei nos 3, eu deveria ter guardado tudo pra mim.
conheço bem o moço nipônico e sei que tudo que ele NÃO precisava era ter me ouvido dar chiliques. afinal, quem sou eu pra dizer o que é certo ou errado pra vida de alguém? deusdocéu, perdi toda a (pouca) sutileza que me acompanha nessa vida.... e depois cheguei a conclusão de que, em certas situações, a sutileza de cada um cai por terra, vira pó.

sim, eu já pedi desculpas, pra todo mundo. e não, eu NUNCA achei que um filho fosse um problema para a vida de alguém. continuo não achando. o meu desespero foi todo por causa de um assunto sério, que os futuros papais sabem bem qual é. mas não era meu direito jogar isso na cara de ninguém.

e hoje, enquanto retomava a rotina, o celular apitou outra vez. "6 semanas, eu ouvi o coração". respondi a mensagem com um nó na garganta e os olhos cheios d'água.
não quero mais me sentir mal. eu sei que vai ficar tudo bem.


*título inspirado no filme "a insustentável leveza do ser", que eu ainda não vi.



6 comentários:

Anônimo disse...

Oi...

Fiquei muito surpreso e muito preocupado com a notícia tb...

Agora estou mais tranquilo... Já são seis semanas!

Bjo!

Diogo Carvalho disse...

Ju... conversamos bastante... vc sabe q cada um tem uma reacao diferente... creio q todos devem ter pensando q eu iria ser o cara mais grosso com o rapaz... mas naum... sei muito bem q nessas horas eh preciso dos amigos... pra xingar, gritar, brincar, falar, ouvir... vc fez o q vc achava q deveria... ta certo... creio q vc falou o q achava certo... naum deve se arrepender... fazendo isso vc pode colocar a perder tudo q falou... sei q vc naum mentiu em nada... e sei tb q vc deve achar q naum tinha o direito... naum sei... acho q sim... somos amigos... muuuuito amigos... soh nos tres (eu, vc e o kendi) sabemos o q somos um para o outro... eh nessas horas q temos q buscar la dentro e passar alguma coisa... naum esquenta... o kendi sabe muito bem q ouviu o q iria ouvir de alguem... isso naum te faz menos amiga... naum te faz "uma bruxa malvada"...

Naum esquenta Ju... se cuida...

Bjos...

luamorzinha disse...

Oi Ju! Desculpa a invasão... sou a namorada do Batata... Li o seu comentário no blog dele e resolvi me apresentar... rs
Como ainda estou boiando sobre os fatos relatados no seu post, nem vou comentar nada a respeito tá?
Bom, é isso... espero poder te conhecer logo...

Bjinhus

thais disse...

Menina........
Tem vezes que a gente fala, mesmo, sem pensar. E depois se arrepende.
Acontece.
Assim como filhos acontecem. Hahahahahahaha......
E, na minha opinião, isso tudo sempre vme a somar. Uma coisa a mais que faz a gente crescer e aprender.

Beijos

Anônimo disse...

Hahaha!!!

Juju, sabe qual foi a minha reação?

Nenhuma... Fiquei tão surpresa que nem consegui dizer nada no dia...

No dia seguinte liguei pro Ken, me sentindo uma idiota... A gente passa por cada situação, tem cada reação que a gente pode se arrepender depois, mas é assim mesmo, algumas vezes a gente deixa escapar algumas palavras, acontece.

Mas acho que agora já está tudo bem!

Beijos!

Anônimo disse...

Oi amiga de muitas horas
Você sabe que eu fiquei muito abalada com a notícia ainda estou me recuperando você pode ver isso bem mais claro no meu blog.
Sei que você só quis ajudar e dizer o que estava sentindo, sei também que você não está errada como o batata disse alguém ia ter que falar que bom que foi você uma amiga querida não te julguei por nada do que você disse afinal a culpa não é de ninguém a não ser minha...peço desculpas por ter feito você pensar que era uma bruxa má.
Amiga eu te adoro apesar do pouco tempo eu sei que esse sentimento é verdadeiro e muito grande repleto de coisas boas e grandes verdades.
Mais uma vez me desculpe minha amiga.
Um super beijo e um grande abraço...
Pamela