segunda-feira, dezembro 05, 2005

"tu és eternamente responsável por aquilo que cativas"*

"Ju, tenho uma notícia ruim pra dar"
"Fala Brito, que foi?
"o japonês caiu da moto"


No meio da feijoada de final de ano com o pessoal da faculdade, eu tremia sem parar, enquanto pedia o lead: o que? quando? onde? como? por que????
Embora o que eu ouvisse do moço-que-me-chama-de-elfa era que o pior não tinha acontecido, faltava o ar, eu atropelava as palavras. Senti o peito pesar meia tonelada e o coração se espremer até caber numa caixa de fósforos.

Sai da feijoada, só tinha o silêncio e uma vontade imensa se chorar.


Quando o Eric chegou em casa com a Baronesa Flecha de Prata eu a achei linda, é verdade, e implorei pra ele tomar cuidado. Eu sabia, claro, era a realização de um sonho.... mas, o que tinha de sonho, tinha o triplo em risco.

Eu nunca gostei de motos. São lindas, na vitrine, só pra olhar.
Quando eu tinha uns 4 anos, fui dar uma volta na garupa da moto do meu pai, uma voltinha no quarteirão. Nunca mais subi em outra. E não, não aconteceu nada. Eu só achei que o chão ficava perto demais.

Eu ainda acredito que tem certas coisas que tem mesmo que acontecer. De repente o acidente teria sido de carro, de bicicleta, a pé, de patins, não sei...... e nem adianta agora ficar pensando no se. É tempo gasto sem necessidade.

Fiquei com o silêncio. Na verdade, ainda estou com ele por aqui. Porque eu não o vi, não dei abraço, não segurei a mão..... Mas acho que o silêncio foi além do fato de eu estar em São Paulo e o hospital ficar em Guarulhos, e ele não querer receber visitas.

O silêncio dói mais porque eu conheço aquele gênio, eu imagino o que se passa na cabeça agora. Porque a gente quase se perdeu pra sempre uma vez, e me dá calafrios pensar que um dia ele pode não estar mais aqui. Já aprendi demais com esse moço. Não quero longe, não quero mais pensar no não ter, não saber, não estar, não, não, não...

Eu sei, certas coisas nunca se acabam por completo. Mas ele merece que o pesadelo tenha fim logo. Chega de tanta coisa assim.

* ele me disse essa frase uma vez, pra me fazer lembrar que eu serei sempre responsável por aqueles que de mim gostam, e de quem eu também quero bem. então que seja como for, mas que seja sem tanto sofrimento, porque além dele mesmo, tem mais gente que precisa que ele esteja bem. e eu sou uma delas.

4 comentários:

Diogo Carvalho disse...

Ju... eu estava saindo da Dutra pra entrar no estacionamento do shopping com a Lu... naum sei... o Kendi me falou mas... sabe qdo vc ouve, absorve mas parece q tudo q vc ouviu naum faz sentido? pois eh... parei a goleta na entrada das catracas do shopping e liguei pra ti... q me falou tudo... correndo... era nitido na sua voz q falava sem parar...

Ju... falei com a mae dele ontem... ele deve ir pra casa hj a tarde... vamos na casa dele... abraçar... pegar na mao dele... dar bronca... ouvir... nos e principalmente vc sabe como ele eh...

bjos... fica bem!

Anônimo disse...

Passeando cheguei no seu blog... li seu post e me perguntei :

Ser eternamente responsável pelas pessoas que cativamos implica em que na pratica? Ficarmos de longe torcendo para que as pessoas esteja bem?

andrea mello disse...

[então que ele fique bem]
[como um pequeno príncipe]

Anônimo disse...

oi ju, agradeço muito pela preocupação, torcida e pelos incensos. deu certo, eu estou vivo e as seqüelas são mínimas perto do que aconteceu. sabe, por um momento achei que tudo iria se acabar sem mais nem menos, mas esse acidente, ao contrário do que pensei, apenas fez as coisas recomeçarem novamente. e dessa vez será diferente, porque só mesmo no limiar gente cabeça dura como eu aprende o quanto a vida e a saúde são nossos bens mais valiosos. valeu galera, sem vocês não teria saído dessa.

eric