quinta-feira, abril 26, 2007

hey! stay young and invincible…

acho que Oasis é a minha trilha sonora mais intensa. toda vez que o acústico toca, involuntariamente surgem as formas de uma viagem importante demais.

já faz tempo, mas não muito, eu tinha a sensação quase irreal de respirar o que eu chamava de liberdade. até hoje não sei explicar bem porque as cócegas nas entranhas e as risadas sem compromisso competiam com uma dor desmedida no peito. eu bebia euforia junto com o vinho e me sentia sufocada por uma culpa sem tamanho em estar feliz. parece absurdo, não?

era fevereiro, carvanal, eu tinha acabado de fazer 18 anos, de emagrecer 4 quilos - desnecessários e sem querer - de passar pela primeira crise profissional, de terminar um namoro longo e turbulento. era a primeira vez que saía por aí com amigos recém-feitos. não tinha medo, tinha pressa, e não sabia do quê.

hoje aqueles quatro dias me parecem muito mais... porque a tal da euforia ultrapassava os limites do que eu havia experimentado até então, assim como a culpa, a angústia... uma coisa um tanto insana. acho que éramos todos crianças demais pra tudo que a gente vivia fora dali e acho que boa parte de nós descobriu isso entre as pedras, tomando chuva e enfrentando os fantasmas, o peso de responsabilidades assumidas sem escolha.

e aí, anos depois, eu me pego com os olhos cheios de lágrimas ouvindo Oasis outra vez. se naquele feriado de fevereiro eu soubesse tudo que estava pra acontecer na minha vida, talvez eu tivesse sentido menos angústia e mais alívio durante aquele carnaval. pensei em dizer que teria aproveitado melhor as companhias, mas não é verdade. acho que não ia conseguir superar a espécie de "irmandade" daqueles dias. as conversas no escuro, os porres e os choros tinham uma sinceridade infantil... ninguém precisava ser mais do que realmente era, provar nada, fingir nada. cabiam confissões sem medo dos julgamentos.

perdi a conta de quantas vezes eu quis ter de volta aquela viagem. desisti. voltei a São Thomé, mas nunca mais foi igual. e, quando eu começo a ficar deprimida pensando em como rotina, escolhas e tempo soterram algumas coisas, eu me lembro que os finais felizes nem sempre são da maneira como a gente idealiza (assim como as coisas que nos fazem mais maduros não são necessariamente as mais agradáveis de se lembrar). se hoje não somos mais 10 quase-crianças andando pela chuva, parte da gente guarda os resquícios daqueles dias (eu prefiro achar que é mesmo assim).

engraçado... nenhum de nós voltou pra casa do mesmo jeito depois daquele carnaval. e nenhum dos outros carnavais vai ser parecido com aquele. e eu nem quero que seja.

acho que fui injusta quando disse que minha andança pelo velho continente tinha sido meu segundo parto. ele foi, na verdade, a nossa viagem pra São Thomé das Letras.... obrigada, acaso! você me deu de presente lembranças que não se dissolvem e nem vão se dissolver (e aí eu coloco o cd pra tocar mais uma vez, rindo, porque o passado fica lá, pra gente voltar pra ele com carinho, sempre que der saudades... e me lembro que, cada vez que encontro um dos que dividiram comigo aqueles dias, a viagem volta a pauta e os sorrisos brotam sem esforços. as lembranças são mesmo as únicas coisas que ninguém rouba da gente...)


… cos we know just what we are... ;)

2 comentários:

Anônimo disse...

eu lembro da sua dúvida entre ir ou não... se seus pais iam deixar ("mas como, vai VIAJAR com os meninos que ela NEM CONHECE!!!"), do que o pessoal ia falar, da nossa saída pouco discreta... e claro, da melhor viagem que já fiz até hoje. as 300 e poucas fotos dizem o quanto foi marcante para nós, e olha que ainda não eram tão populares as cameras digitais... ficou marcado em mim também, é uma coisa que vou me lembrar para sempre. esse disco do oasis até hoje me toca, foi a trilha sonora da viagem né... bom que você compartilhou com a gente aqueles momentos inesquecíveis, não vão voltar. beijos jujuquinha!

Thá disse...

Lindo!