segunda-feira, setembro 06, 2004

seu Deo e os aviões

Ah, o mundo corporativo! Quem já participou de uma dinâmica de grupo? Melhor, com pessoas que trabalham com você todos os dias?
Foram mais de 8 horas. Tiveram sua relevância, afinal, deu pra perceber que quase todos estão vendo o buraco e muita gente querendo arrumar logo a estrada. E isso é bom.
Aprendi a fazer aviões. Em série. Divisão de tarefas funciona. Gerenciamento de crise também deveria.

***

O dia não terminou com todas as cores. Ficou mais pálido quando o telefone tocou um pouco antes das 10h da manhã. O seu Deo faleceu. Um minuto de silêncio, uma tentativa de um gesto de respeito. Uma tristezinha doída voltando a me fazer uma visita.
O seu Deocleciano era uma das pessoas mais antigas naquela empresa. Se não era a mais antiga. E, não, ele não era funcionário. Era dono de um grande bom-humor, de um espaço pequeno, cercado de publicações coloridas, guarda-chuvas e uma montanha de guloseimas. Tv para a sessão da tarde, filmes anos 80, que eu cansei de ver nas minhas férias escolares...
Podia facilmente ser meu avô. E não é exagero se eu disser que me tratava como neta.
Todos o viram adoecer. Não sei quantos perguntavam como andavam as coisas. Não sei quantos foram visitá-lo. Não sei se prestei toda a atenção que podia. E era visível que ele sofria cada vez mais. E não desistia do cigarro, nem das conversas.... nem de melhorar logo.
Acho que foi um alívio. Espero que tenha sido. E, por covardia, preferi não pensar no “nunca mais”.

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