terça-feira, novembro 09, 2004

........... A, B, C..........


Accordes.
Cheiro de viagem com mais 9 pessoas, roupa molhada, vinho, toddynho e gargalhada.
Cheiro de SBS, de dias de angústia, de vergonha do reflexo do espelho, de mais dinheiro que agora, de uma inquietação quase doente.
Cheiro de passado, e tá acabando. Logo não lembro mais do aroma, e não farei mais as associações. Será mesmo? Fiquei pensando nisso hoje de manhã, enquanto escolhia as peças vermelhas e pretas por pura inércia.

Acordei como se não tivesse dormido. Sempre sonho um monte de coisas, algumas delas duram ANOS na minha cabeça, outras somem segundos depois. Dessa vez eu não lembro de absolutamente nada. Claro, escuro, claro outra vez. Dia 08 para o dia 09.
Não sei se o sono agudo se deve a quantidade de coisas verificadas ou ao avançado da hora em que fechei os olhos. Estava no escuro, não tenho idéia da madrugada que me derrubou. Estava conversando com o ar. É, tava contanto pra ele o A, o B e o C. no fundo eu queria fazer um pedido, mas não sabia pra quem. não conseguia rezar para o Deus que me ensinaram que existe, porque achei que as rezas decoradas não eram o que eu precisava. Não pensei na minha mãe, dessa vez não pedi pra ela vir me ver em sonho (mas eu acho que ela ainda vem). não pensei em santos, em promessas, em saídas. Queria conversar com alguém que entendesse o que eu estava dizendo. mas não sabia quem era, então falei pro ar.
e depois de gastar saliva sem abrir a boca, eu não tinha uma resposta..... eu tinha uma outra pergunta: “afinal, o que você realmente quer? O A ou B?”

***
eu queria o C... mas no fundo ele não existe.
Só vai ser real se eu decidir entre o A e o B. é aquela velha história de radicalismos, de nada morno, ou tá fervendo ou tá gelado. Os extremos. Ok, eu sei que já disse pra metade das pessoas que eu conheço bem, e até aqui nesse mosaico já colei o retalho, de que tem horas em que só os extremos funcionam. Mas nem sempre. às vezes a única coisa que resolve é o que chega morno. foi essa a minha conclusão noturna.
fiquei com medo de pensar na resposta. no A e no B. porque no fundo eu só acho que sei o que tem por trás de cada um deles. como eu vou ter certeza? Nem poderia, senão não seria viver. seria saber cada passo e cada desdobramento. nada mais teria a mesma graça. mas que pra ISSO eu queria uma luz, ah eu queria sim!

aí fugi da raia, pedi água, virei para o lado esquerdo e dormi. Não tive coragem de responder a pergunta, ainda não sei se tenho. até esbocei dar a resposta pra menina do espelho naquele instante, mas depois pensei bem e vi que eu não saberia o que fazer com aquilo que está no fundo dos olhos dela. não sei se sinto raiva, se entendo que é normal, se acredito. e é esse não-saber que me mata, que me faz acordar com o coração pesado. morro um pouco todos os dias, e é pelas minhas próprias mãos..... na verdade, pelos meus olhos.

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