terça-feira, novembro 09, 2004

roubando escritos

Fiquei com vontade de chorar quando encontrei. E não foi de tristeza, não foi de dor.
Foi de saudade e, no fundo, de felicidade também.
Saudade da menina de cabelos amarelos andando pelo mundo enquanto prestava atenção nas coisas, de não saber o que estava esperando pra acontecer.
Felicidade pelas coisas que aconteceram desde aqueles tempos. Não dava pra ter sido qualquer coisa menos intensa.

Um alívio de sentir medo de repente...... é, sinto medo, mas eu acho que precisava sentir.
No meio da lista de coisas que eu tinha que aprender a sentir, o medo!!!

E de repente achei que esse poema tinha que vir parar aqui. Não é meu, é do meu querido menino poeta, que talvez um dia entenda o quanto é importante. Que ele me perdoe, porque não é a primeira vez que eu vou roubar os escritos.....


Pra ver se vou

Vou me jogar num precipício sem fim
Pra ver se o chão namora meus pés
Vou parar de brigar com o mundo
Pra ver se esclareço seus mistérios
Vou manter em cárcere meu coração
Pra ver se jogo ao mar meu amor mal usado
Vou me divertir com cada besteira
Pra ver se descubro a solução genial
Vou assistir o show da vida enjaulado
Pra ver se me choca a fome da África
Vou deixar de estudar teorias famosas
Pra ver se aprendo algo de útil
Vou desistir de abraçar o planeta
Pra ver se meus dedos tocam a lua
Vou matar o tempo
Pra ver se a vida vale a pena
Vou tirar suas perguntas dos meus ouvidos
Pra ver se consigo coragem para admitir as respostas
Vou desligar as máquinas opressoras
Pra ver se do céu brota amor embalado
Vou criticar os grandes artistas
Pra ver se igualo suas espontâneas brincadeiras
Vou esquecer meus amores não correspondidos
Pra ver se encontro uma paixão
Vou apagar as luzes de casa
Pra ver se ilumino as trevas do mundo
Vou acordar e viver sem fé
Pra ver se realmente depende de mim



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