Hoje assopro as velas pra ver completo o meu 21º 24 de janeiro. São duas décadas, uma “vírgula”, e uma sensação engraçada: lá vem outro ciclo.
Curiosamente, ou por coincidência (será mesmo? hum...), a soma dos 21 vai dar 03. 2 +1 = 3. Terceira fase. E eu não sei ao certo o que esperar dela.
Parando pra pensar, fico com medo. “Viver é muito perigoso”, já dizia Guimarães Rosa pela boca de Riobaldo Tatarana. Viver é perigoso sim, é doloroso, é assustador. E é uma delícia.
Nessa segunda-feira, que ainda não decidiu se vai ser azul ou cinza, eu me lembrei das outras duas fases, entendi quando cada uma delas começou, como foi que terminaram..... Não me lembrei de datas, dos dias da semana, das horas dos meses que se passaram. Eu me lembrei do que eu vivi.
Eu perdi minha mãe, perdi meus avós, perdi minha madrinha, e depois ganhei uma família inteira. Já fui uma menina gorducha, já tive mais vergonha do espelho, usei botas ortopédicas e todos os tipos de aparelhos nos dentes. Chorei quando ganhei os óculos, quando menstruei pela primeira vez. Tive medo do primeiro dia de aula, já esperei anos inteiros só pra poder passar as férias na praia, já engoli vontades e desejos por achar que no fundo nem eram tão importantes assim. Já tirei a roupa do corpo pra amigas não passarem frio, já magoei muita gente que não merecia, perdi as contas de quantas noites dormi imaginando uma vida de faz-de-conta.
Fiz viagens das quais vou me lembrar pro resto da vida, fiz outras que faço questão de esquecer. Não aprendi a andar de bicicleta direito, só me arrebentei andando de patins, ainda não consigo pegar o carro.
Descobri que não tenho muitos dotes musicais, mas acho que eu ainda tenho salvação quanto à culinária. Descobri também que eu gosto muito de praias e que todos os problemas do mundo parecem bem mais idiotas depois de um banho de cachoeira.
Entendi que não preciso agradar todo mundo o tempo todo e não aprendi a fazer maldades propositais – e que sentir ódio das pessoas faz um mal imenso, mas às vezes é inevitável.
Conheci pessoas que pensei que estariam sempre por perto, mas hoje não faço idéia de onde andam.
Já recebi um monte de elogios, já ouvi que queriam meu pescoço quebrado. Aprendi a lidar com isso. Ouvi relatos sinceros de como eu “funciono” e agradeço pelos conselhos sem preço.
Passei no vestibular, vi que jornalismo não é nada romântico, conheci pessoas fantásticas em situações inusitadas.
Fiquei doente, senti dores insuportáveis, perdi quase todo meu cabelo, tive medo de morrer.... ainda não sarei.
Amei alguns garotos, um deles mais do que achei que fosse capaz de amar. Errei, foi o maior erro da minha vida, e quando penso nisso me lembro do “ditado iraniano”: criança que não cai, não cresce (e eu me arrebentei de cara no chão, então acho que agora vai ficar tudo bem).
Aprendi a fazer planos e ter sonhos, vi alguns desmoronarem, tive medo de continuar fazendo, estou descobrindo que era um medo passageiro.
Tenho 21 anos agora, um milhão de escolhas pela frente, um milhão de situações que ficaram pra trás e queria do presente (e de presente) a paz necessária pra entender como essas coisas funcionam. Não quero bola de cristal, quero paz pra entender. Não preciso de mais do que isso, juro.
E acho que envelhecer, no final das contas, é bom. Como eu disse certa vez, o espírito de criança a gente mantém, e os obstáculos ficam mais fáceis de saltar: pernas maiores e caminho parcialmente conhecido.
E os leitores que chegarem ao final dessas linhas, ainda que não deixem seus comentários pra eu saber que passaram por aqui (viu, menino poeta?), merecem os meus parabéns. Fizeram por mim mais do que imaginam!!! Não tenham dúvidas.
Queridos, obrigada! Sou eu quem deseja felicidades pra vocês.
segunda-feira, janeiro 24, 2005
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4 comentários:
Ju!!! Com essa carinha de anjo bebê, eu nunca ia imaginar o número de coisas pelas quais vc passou. E foram só 21 anos! Querida, que vc ainda tenha muitas e muitas décadas de vida, mais e mais coisas boas na sua vida.
Muitos beijos!
Terceira década, Jú. Muita coisa, muita mesmo (achei o máximo o seu "resumão"; quanta coisa!), e, ao mesmo tempo, quase nada. Há muito por vir, e que bom!
Parabéns, de novo, pelos 21 aninhos. Sobretudo, por ser quem é, absolutamente admirável.
Ah, e voltei, viu? Qualquer coisa, estamos aí.
Beijão!
Ops, esqueci de assinar o comentário acima! Hahaha...
Beijão,
Fábio
Gabi escrevendo:
pois é amiga...21 anos....é a primeira vez que não te vi no seu niver (e, claro, vc no meu), mas fique sabendo que, apesar dos anos completados e das fases passadas, ainda esamos junats. Embora não nos falemos todos os dias e pecamos cosas importantes da vida da outra acho que ainda podemos dizer que temos aquela ressonância básica das melhores amigas, aquele olhar de compreensão que o bons anos de convivñcia podem dar e aquele disponivbilidade para estar junto, smplesmente junto, quando mais necessitamos. Aquela cumplcidade honesta. Acho que podemos dizer, amiga, que apesar das fases e ds mudanças que a vida trouxe e que com certeza ainda trará, podemos gritar o mundo todo que ainda somos as mesmas pessoas desejosas do Outro, do aigo ou do amor, da saúde ou da comida, porque sabemo ser verdadeiramente humanas e sinceras. Porque sabemos, hoje, que não devemos ter falsa modéstia, mas reconhecer quando somos um sucesso ou um fracasso ( e que frcass é apenas um nome feio para uma lição importante). E é isso amiga. Esses 21 anos passaram tão devagar quanto depressa. São tão lembrado qauto esquecidos....mas são nossos. Par deles junto, parte à parte, mas nossos. E o que poss desejar-lhe senão mais ua vida inteira como foram esses 21 anos?! Uma vida de muuiita, mas muuiita felicidade (é, aquela verdadeira felicidade ue mantém-se nos momentos mais tristes, aquele sentimeto de totaldae e completude que apenas a certeza e esperança do algo melhor e da disponiblidade da ida e dos amios pode dar. O sentimento de que não podemos saber que está além do nosso tempo, mas podemos viver nosso tempo como ninguém mais.) Por tudo isso amiga, que você seja muito feliz. São os votos especiais da Gabi.
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