(quase) 2005 promessas

Ele finalmente chegou. O ano que eu mais esperei nas últimas duas décadas veio “causando”: chegou no escuro!
Eu, os festeiros que comemoravam na varanda do número 125 e mais um monte de outros sofredores da Região Sudeste (acabei de ver na chamada do Jornal Nacional que a encrenca não foi só na minha rua) o vimos chegar na penumbra, com as taças de espumante em punho e os reflexos coloridos dos fogos de artifício tingindo as roupas brancas.

Mas, nada de mal sinal. E aqui estamos. Dia da tal confraternização universal. Dia de posse de prefeitos. Dia de acordar na hora do almoço e ouvir a campainha tocar – a família voltando, o brodo (canja com capeletti, um negócio estupendo, vocês não fazem idéia!) de novo no fogão e aquela sensação ótima de ter mais 364 dias pela frente – pra todos eles darem certo.

Fui invadida pelo otimismo – e já estava mesmo na hora. Acordei antes da casa toda, ainda de manhã. Fiquei enrolando, abri a janela contente, vesti a blusa verde com esse decote lindo – verde de esperança!!! Destranquei as portas, afastei as cortinas, sentei outra vez e aí , sem querer, percebi que estava finalmente fazendo a tal retrospectiva. No silêncio, tranqüila.
Lembrei de muitas coisas, lembrei de muita gente (prometi para todos que eu gosto que faria um pedido pra cada um nesse ano novo – e eu fiz, juro, com direito a incenso aceso), senti um frio na barriga pensando em tudo que eu vou ter que fazer acontecer nos próximos 12 meses... uhu!!!!

Há tempos não me sentia tão bem com o final de um ano. 2004 foi embora pra sempre, e agora sou infinitamente grata a realidade implacável de que o tempo não volta. Que bom, porque eu não vou sentir a menor saudade desse que se passou.

Em dias de ver mais de 100 mil mortos nos paises da Ásia e da África, em dias de ver argentinos enterrarem jovens que apenas queriam se divertir, no pós-virose-férias-frustradas da família Garcia, só consigo carregar uma calma e uma determinação que eu pensei que tinham fugido do meu alcance.
Se é só a maré da virada, em que até os mais incrédulos, no fundo, guardam o desejo de que tudo seja melhor, então eu quero ficar de ressaca pelos próximos muitos dias.

É um ano ímpar, e uma vez me disseram que os anos ímpares são os melhores. Ah! Como se não bastasse, me disseram também que esse 2005 não tem como dar errado. Mesmo com tudo que eu sei que vai chegar, (mesmo com um monte de feriados caindo na quarta-feira!) só consigo acreditar que vai mesmo ser um ano muuuito bom. Já fiz as minhas quase 2005 promessas!!! Hey ho, let´s go! :)