sexta-feira, maio 23, 2008

salada de berinjelas

de repente, debruçada sobre a salada de berinjelas, senti um arrepio de medo enquanto ela enxugava as lágrimas no guardanapo de papel.

era pra ser um almoço qualquer, coisa rápida, muito trabalho a fazer. então, entre aquele sofrimento que transbordava além da voz, fui assimilando cada gesto, formulando inúmeras teorias sobre o que ela me contava. insisti em algumas suposições, tentei em uma última instância uma análise psicológica. eu apostava na força do respeito, da cumplicidade, do companheirismo e de tudo o mais que faz o amor ser o que é.


mas, enquanto ela chorava o choro de quem está perdida, fui sucumbindo a um incômodo sufocante, projetando as situações e, sem conseguir me conter, transportando todo aquele desencontro para a minha vida. ou melhor, para a nossa vida.

o medo foi me abrindo os sentidos para tudo o que poderia acontecer com nós dois. sim, de repente os relatos não eram só dela, os problemas não eram só os dela. eram os meus, os nossos, no futuro que ainda não chegou.

perdi a ordem das idéias, embaralhei as certezas. fiquei suspensa, instável. precisava compartilhar o susto e a sensação de que algo não estava assim tão bem como pretendíamos que estivesse.

conversas necessárias, quando tidas ao telefone, sempre deixam a desejar. no nosso caso, não foi diferente. mesmo assim, ele ainda consegue me acalmar a alma, com silêncios que se rompem com a respiração à distância (ainda prefiro o silêncio que vem dos olhos, mas a busca por respostas imediatas às vezes me faz trocá-lo por um alívio vindo do telefone).

dia seguinte, ela chegou sem as lágrimas, me contou as novidades e me agradeceu. agradeci de volta. talvez ela nunca saiba, mas toda a dor que ela acumula agora nos mostrou como evitar a nossa. bendita seja aquela salada de berinjelas...

6 comentários:

Thá disse...

... se todos soubessem falar das coisas da vida como você, "que maravilha viver"...

(Ju, todos os seus "pequenos prazeres" são os mais fofos do universo)

Pammy Motta disse...

e que seja bendita a salada.
conversar é sempre bom.

Marina F. disse...

Saudades de vc, sua berinjelinha!
bjs!

Carolina Cristina disse...

Nossa... Que lindo!!!
Bjos...

Prisokinha disse...

É xuxu...

A vida é curta, não há tempo de vivermos todas as felicidades e todos os perreios, poucas coisas sao tao ricas quanto a troca de experiencias... precisamos exercitar a nossa!!!

luv, Pri.

Rachel disse...

saudades dos seus comentários nos meus posts. saudades de conversas de madrugada. acho que estou precisando ficar mais na sua casa.

hahahaha. bjao =)