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Explodi de raiva. Eram mais de 08h30 da noite, aquela faculdade um inferno, não tinha um computador e o negócio não tava pronto. Faltava a impressão. E a fila era de arrancar os cabelos. Displicência total, coisa que tem sido comum. Juro que se ele estivesse na minha frente, eu teria gritado até perder a voz. Senti ódio. E não era só por causa do trabalho.
Experimentei muitos ódios juntos. Todos eles enchendo as minhas veias e estourando a minha cabeça. E todos por causa das mesmas pessoas; eu e ele. Achei que isso nunca ia acontecer, mas não teve jeito. Ódio. Raiva. Mágoa. Ira. Decepção. Revolta.
Exagero. Totalmente exagerada, todas as coisas ruins que eu andava guardando ferveram meu sangue e me deixaram com febre. Só que eu não percebi isso. Só fiquei amarga.
O diagnóstico veio na manhã seguinte: “é que você ontem experimentou muitos ódios juntos”, veio me dizer a menina Amanda admirável. E ela estava com a razão.
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Ontem foi dia de olhar para o passado, recolher todos os cacos que ficaram e tentar fazer melhor com para colocar no mosaico de vida.
Faz quase 6 anos que a gente se conheceu, foram quase 3 de convivência, há uns 2 a gente não se vê.
Eu guardei as coisas ótimas e as ruins também, porque tenho uma memória assustadora. Guardei as lembranças, as de pensamento e as materiais, e segui andando pela minha estrada. Olhei pra trás, mas não tive como mudar de rumo.
E hoje imagino o quanto deve ter sido complicado, e sei que mágoa é um negócio muito similar a um nó: às vezes leva séculos para desatar. E às vezes não desata mesmo! Mágoa fica entalada. É uma espécie de ódio que não dissolve. Acaba a energia da raiva e fica só o ressentimento. Mágoa é pior que ódio!
Enfim, o que eu li foi pura mágoa cuspida. Pá! De volta, bem na minha frente.
Foram várias pedradas, uma atrás da outra, sem dó, sem passar pela peneira do que era verdade. E aí eu perdi as estribeiras.
Até acho que ele tinha que ter dito tudo o que estava sentindo, e que engoliu durante esse tempo todo. Mas fazer julgamentos com uma mente mesquinha, aí não dá!
Consigo entender que as pedradas eram pra ver se eu sangrava e, de certa forma, ver o chão se tingir com o meu líquido vermelho deve ter acalmado a alma.
Porque todo ser humano é vingativo. Mas aquilo passou dos limites. E eu senti ódio também. Pela segunda vez em dois dias.
Só que a indignação foi maior que o ódio. E aí eu fui tão sincera quanto podia ser. Abandonei o trabalho e passei 1 lavando a roupa suja. E o caldo saiu escuro.....
Mas valeu a pena. Nada paga uma alma mais leve. E agora não tem mais o que ser dito.
Não sei se um dia eu vou ganhar um abraço dele e se a gente vai sentar no mesmo banco pra dar risada e contar da vida. Não espero mais por isso, mas ficaria feliz se eu pelo menos deixasse de ser uma lembrança dolorida.
Ele vai ficar bem. Mas eu confesso que foi um susto saber que 3 anos não foram suficientes para superar as coisas. Fiquei me perguntando como o tempo é capaz de brincar com nós todos. e na capacidade do ser humano em se apegar às angústias.
Amar alguém é uma experiência da qual não se sai ileso e..... será que certas portas nunca são fechadas?
quarta-feira, novembro 24, 2004
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2 comentários:
O que eu posso dizer? Está acabando, querida, está acabando.
Beijos,
amanda
Ju!!!!! Eu achava que vc era toda zen!!!!!! Calma... Isso vai passar e vc vai rir das coisas...
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