quarta-feira, novembro 17, 2004

medo

ontem fiquei pensando sobre o medo, o mesmo medo que eu tinha dito que era uma dádiva de sentir. pensei bem na frase, de repente não tinha mais tanta certeza de não ter sido tão radical. medo tem variações. nem todos são simples e legaizinhos não.

mas aí desisti de pensar no medo, e resolvi que ia encarar mais do grande sertão (que eu tava achando um porre no começo, mas que eu juro que agora eu to gostando, e acho que vou encarar as outras 400 e tantas páginas que ainda faltam).

e o que aquela quase-bíblia me cospe bem na hora em que eu abro na página 168?

“Tem diversas invenções de medo, eu sei, o senhor sabe. Pior de todas é essa: que tonteia primeiro, depois esvazia. Medo que já principia com um grande cansaço”

Af! E foi desse medo que eu me lembrei antes de ler. Medo que dá cansaço, que consome antes mesmo de existir. A pré-ocupação que vem com uma angústia, e aí vira medo.

Não contente em me dar um chacoalhão, o Riobaldo continua:

“Desespero quieto às vezes é o melhor remédio que há. Que alarga o mundo e põe a criatura solta. Medo agarra a gente é pelo enraizado”.

!!!!!

Acho que vou é ficar beeeem quietinha......

Um comentário:

Anônimo disse...

Riobaldo é insaciável. Olha o que ele diz na página 327 (na 19ª edição, pelo menos)...

"Só se pode viver perto do outro, e conhecer outra pessoa, sem perigo de ódio, se a gente tem amor. Qualquer amor já é um pouquinoh de saúde, um descanso na loucura. Deus é que me sabe."

Não será esse o antídoto do tal medo?

Beijos,

Amanda